quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

22 CASA DE SANTOS


Inicialmente era um barracão em São Vicente. Ficava em uma rua muito próxima à Pedra de Yemanjá: saindo da praia, atravessávamos a avenida e a linha do trem. Então entrávamos em uma rua de terra que possuía biquinhas de água nas duas extremidades. O barracão ficava quase no centro da rua.

Pelo que sei o barracão era do tio Osvaldo, marido da tia Linda e pai do Itamar. Era muito bom quando toda a família passava alguns dias juntos. Geralmente iam as filhas do meu tio Nicola: Beth e Sonia (a outra filha – Izilda – sempre morou no Rio de Janeiro), a tia Nena e tio Luiz e suas filhas Marcia e Devani, os tios Carlos e Beth e seus filhos Renato, Ricardo e Simone, meus avós, meus pais, eu e meu irmão.

O barracão nem era tão grande, basicamente dois grandes quartos e o povo, mesmo que não estivessem todos, se amontoava pelos cantos. Bem em frente havia um grande quintal de terra com algumas árvores e ao fundo ficava a encosta de uma das grandes montanhas de Santos.

Durante as noites jogávamos “TOMBOLA” (atual bingo). As cartelas tinham preço simbólico e era uma festa ver todos jogando e brincando ao “cantarem” os números.

A água potável tinha que ser apanhada nas biquinhas. Nós usávamos a biquinha que ficava – saindo da casa, do lado esquerdo. Algumas vezes encontrávamos lagartos enormes se refrescando e tínhamos muito medo de suas “rabadas”, que segundo contavam, eram doloridas, venenosas e em alguns casos, fatais.

À noite, as primas Beth, Devani e Sonia e mais o Itamar contavam muitas estórias assustadoras e os pequenos (como eu) ficávamos encolhidos, com medo, e querendo ouvir mais. Existiam estórias do homem do saco, do fantasma que assoviava e tantas outras.
Lembro que em certa ocasião o pessoal comprou um montão de camarões e ostras e ficamos todos, no quintal, debaixo de uma árvore limpando aquelas coisas fedidas.  O gostoso era o fato de estarem todos juntos um tempão jogando conversa fora.

Com o tempo deve ter ocorrido alguma confusão e o meu avô construiu uma casa de alvenaria exatamente onde ficava o quintal.  O que eu sei é que o barracão acabou sendo completamente anulado pela casa. O acesso que antes era por um amplo quintal se restringiu a um pequeno corredor.

A casa era do meu avô e mesmo assim o pessoal a freqüentava. Na parte da frente havia uma pequena varanda e o pessoal se sentava para ler revistas O CRUZEIRO, gibis ou fazer palavras cruzadas.

Minha mãe fazia pizzas na panela de pressão. Ela mesmo fazia as massas e abria os disquinhos. Aprendeu com minha avó e se transformou em expert de pizzas. Eram deliciosas para o jantar..

Com o tempo as casas foram vendidas, mas as recordações maravilhosas ficarão para sempre nas mentes de quem a freqüentou.

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