quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

11 - Balões


O campo de futebol de várzea era palco de grandes clássicos futebolísticos.  Em alguns domingos aceitava o convite do meu avô para assistirmos aos jogos. Era de terra e ficava situado na Rua Teixeira de Melo – subindo em direção à Av. Celso Garcia. Ficávamos sentados em um barranco sem nenhum conforto. Lembro de muita terra vermelha, palavrões e discussões.



Esse mesmo campo servia para reuniões de “clubes de baloeiros”. Assisti alguns balões serem soltos. Imensos. Vários metros de altura. As vezes pegavam fogo ainda em terra; via de regra subiam e iluminavam o céu. Enquanto subiam, eu sonhava e fazia pedidos, acreditando que os balões pudessem levá-los mais pertinho de Deus.

Final de tarde e lá estava eu caminhando sem fazer nada pela rua. De repente observei um pontinho no céu que parecia um balão. Adorava ver os balões. Estava caindo, o que era muito comum – balões eram comuns.  O pontinho aumentava... e aumentava... e aumentava... até me dar conta que existia a possibilidade de cair perto do local onde me encontrava.

A rua continuava vazia e o balão se aproximando. Fiquei empolgado com o fato de  ninguém ainda ter  percebido aquele balão caindo. Quanto mais se aproximava maior ficava. Era imenso. Nunca tinha visto um balão tão grande. E vinha diretamente em minha direção. A tocha estava apagada.  Comecei a imaginar se era mesmo um balão ou uma nave alienígena disfarçada. ... (até hoje não sei a resposta).

Faltava pouco para o balão cair em minhas mãos. Todo aquele “balaozão” seria somente meu. Começava a me preocupar sobre como faria para dobrá-lo. Cairia exatamente na entrada da Vilinha onde morava o meu amigo Ricardo.

Para minha surpresa, poucos segundos antes do MEU balão chegar, apareceram “moleques” de todos os lados. Alguns com paus na mão, alguns chegando de carro, todos se dizendo donos do balão e pedindo para que ninguém chegasse perto (mas o balão era meu... afinal caiu na minha rua)... Infelizmente eu não tinha tamanho para enfrentar aquele exército de proprietários do balão. Imaginei que o balão estivesse com medo de chegar ao solo e não era para menos, assim que caiu foi completamente destruído pela molecada. Não consegui chegar nem perto do MEU balão.

Sonhei muitas noites com aquele balão. Os sonhos que os balões carregam realmente são gravados em nossos corações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário