Acordávamos bem de madrugada e minha mãe enchia de blusas eu e meu irmão, incluindo uma espécie de boné com tapa-orelhas. Tomávamos café com leite rapidinho e lá íamos os quatro no fusca verde e claro para o INPS na rua Martins Fontes. Meu pai nos deixava na porta e ia trabalhar. Lembro muito bem da garoa da madrugada. Eram assim as nossas visitas ao médico naquele tempo. Ficávamos horas aguardando. Minha mãe tentava guardar o lugar na fila e ao mesmo tempo dominar as duas pestinhas em formato de gente – eu e meu irmão – pois logo fazíamos amizade com outras crianças e ficávamos correndo entre as escadas, corredores e colunas do prédio.
Quando a médica chamava, colocava um palito amargo na nossa boca, olhava a garganta, pesava e depois ficava conversando com minha mãe.
Eu e meu irmão achávamos tudo muito legal, inclusive nesse dia a gente nem ia para a escola. Depois do médico, via de regra, passávamos na casa da tia Augusta, que morava em um prédio perto do prédio do INPS. Lembro que a tia Augusta sempre estava com o rádio ligado na Rádio Bandeirantes e ouvia um programa chamado – O TRABUCO – apresentado pelo Vicente Leporaci.
Minha mãe gostava muito da tia Augusta. Respeitava ela demais. Ficavam conversando de uma a duas horas enquanto eu e meu irmão ficávamos mexendo nas coisas da tia.
Finalmente, depois do passeio no INPS e na casa da tia Augusta, retornávamos para nossa casa.
Acredito que todas as crianças da Gonçalves Crespo se consultavam no INPS e depois passavam pela casa da tia Augusta.
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